sábado, 27 de junho de 2009

IFBA 2OO9


Poema Concreto

poesia em tempo de fome
fome em tempo de poesia
poesia em lugar do homem
pronome em lugar do nome
homem em lugar de poesia
nome em lugar de pronomepoesia de dar o nome
nomear é dar o nome
nomeio o nome
nomeio o homemno meio a fome
nomeio a fome
Haroldo de Campos

Falando de Poesia


I
-Poesia é sonho mágicoem palavras realizado.Passando pelo trágico,até o mundo encantado.***
II
-A poesia é uma ponteque enternece os corações.Ainda que desapontequando põe fim às ilusões.
III
-A poesia é quase tudo.O vento que afaga o rosto,em versos que sobretudo,afastam muito o desgosto.
IV
-A convidada poesiabateu na minha porta.Abri com muita alegria,ser feliz é o que importa.
Falando de poesia - Guida Linhares

O Rei Dos Animais

Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: "Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais?" O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: "Claro que é você, Leão, claro que é você!". Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: "Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão?"E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: "Currupaco... não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?".Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: "Coruja, não sou eu o maioral da mata?" "Sim, és tu", disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. "Tigre, - disse em voz de estentor -eu sou o rei da floresta. Certo?" O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, rugindo contrafeito: "Sim". E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o leão se afastou. Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o elefante. Perguntou: "Elefante, quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor de árvores e de seres, dentro da mata?" O elefante pegou-o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e ensangüentado, levantou-se lambendo uma das patas, e murmurou: "Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado".
Moral da História: CADA UM TIRA DOS ACONTECIMENTOS A CONCLUSÃO QUE BEM ENTENDE. ;)

SÍNTESE DA HISTÓRIA DO PROJETO NURC


Juan Lope Blanch, professor da Universidade Nacional Autônoma do México, foi o autor da proposta de organização de um grande projeto coletivo, a fim de descrever a norma culta no espanhol falado. A proposta foi apresentada durante o II Simpósio do PILEI (Programa Interamericano de Lingüística e Ensino de Idiomas), em agosto de 1964, em Bloomington, nos Estados Unidos da América. Assim nascia o "Proyeto de Estudio Coordinado de la Norma Lingüística Culta de las Principales Ciudades de Iberoamérica y de Península Ibérica".
Desde o início, já se pensava em estender o "Proyeto" às comunidades de língua portuguesa. Em janeiro de 1968, por ocasião do IV Simpósio do PILEI no México, o Prof. Nélson Rossi, da Universidade Federal da Bahia, apresentou o trabalho "O Projeto de Estudo da Fala Culta e sua Execução no Domínio da Língua Portuguesa". Nesse estudo, o Prof. Nélson Rossi ressaltou que, diferente dos países de língua espanhola, no Brasil, o "Proyeto" não poderia limitar-se à capital do país nem ao Rio de Janeiro. Ele sugeriu que o "Proyeto" abrangesse as cinco principais capitais com mais de um milhão de habitantes: Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Em janeiro de 1969, durante o III Instituto Interamericano de Lingüística, promovido em São Paulo pelo PILEI, foi instalado o "Proyeto" no Brasil. Foi acertado que, para se instalar esse projeto, haveria necessidade de se escolherem os responsáveis pelo trabalho em cada uma das cinco cidades .
O projeto previa três etapas: gravações, transcrição e análise do corpus, conforme um Guia-Questionário. Inicialmente, eram previstas 400 horas de gravação, selecionando-se 600 informantes (300 do sexo masculino e 300 do sexo feminino) com nível superior de escolaridade, nascidos na cidade sob estudo ou residentes aí desde os cinco anos de idade, filhos de nativos de língua portuguesa, de preferência nascidos na cidade sob pesquisa.

No Brasil, as próprias exigências do Projeto, somadas às dificuldades naturais de se fazer pesquisa e os obstáculos para se conseguirem os informantes adequados, fizeram com que houvesse atraso na conclusão das gravações.
Em 1985, durante a XIII Reunião Nacional do Projeto NURC, realizada em Campinas, decidiu-se que as cidades intercambiariam 18 entrevistas de seu acervo com as demais cidades. Esse acervo constituiu-se o que se convencionou chamar corpus compartilhado.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Gramática Normativa

Chama-se gramática normativa a gramática que busca ditar, ou prescrever, as regras gramaticais de uma língua, posicionando as suas prescrições como a única forma correta de realização da língua, categorizando as outras formas possíveis como erradas.
Frequentemente as gramáticas normativas se baseiam nos dialetos de prestígio de uma comunidade lingüística.

Gramática Descritiva

A gramática descritiva é uma gramátia que se propõe a descrever as regras de como uma língua é realmente falada, a despeito do que a gramática normativa prescreve como "correto". É a gramática que norteia o trabalho dos lingüistas que pretendem descrever a língua tal como é falada.
As gramáticas descritivas estão ligadas a uma determinada comunidade lingüística e reúnem as formas gramaticais aceitas por estas comunidades. Como a língua sofre mudanças, muito do que é prescrito na gramática normativa já não é mais usado pelos falantes de uma língua. A gramática descritiva não tem o objetivo de apontar erros, mas sim identificar todas as formas de expressão existentes e verificar quando e por quem são produzidas.

Poesia de Luís Fernando Veríssimo

Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que NADA!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que NADA!

Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Anjo Negro

Quando nasci um anjo negro, desses que tanto protegeram os escravos me disse:Vai Janda! Desbravar o mundo
Função muito difícil para quem é filha da escravidão
Minha história me vigia, e a pobreza me perseguia
A vida não é cor de rosa
E exclusão já havia
Os ônibus passam cheios de fome, desemprego e marginalização
Por que tanta desigualdade meu Deus
Pergunta o olhar perdido
Porém minha bocanão pergunta nadatenho medo de repressãoo homem de colarinho branco,atrás do volanteé sério, convicto e dominador
Não precisa fazer quase nada para progredir
Meu Deus, porque me abandonaste
Se sabias que eu não era da elite
Se sabias dos 100 anos de escravidão
Vida vida dura vida
Se eu me chamasse Isaura
Seria personagem de romance, de novela
Sofreria por não corresponder a um amor
Saberia tocar piano, sentar-me à mesa e escrever poemas
Mundo, mundo vasto mundo
Mais vasta é a minha desilusão
Eu não devia ser assim
Mas as escolas, a falta de oportunidades
A falta de sonhos, o racismo velado
Esta falta de expectativaesta falta de seriedade, de políticas públicas
Não me desviarão da minha missão.

de Jandira Fernandes da Silva -
Gandú - BA

Como Nossos Pais - Elis Regina

Não quero lhe falar, meu grande amor..
Das coisas que aprendi nos discos...Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo, viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei queue qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa...Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado prá nós, que somos jovens...Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, O seu lábio e a sua voz...Você me pergunta
Pela minha paixão.
Digo que estou encantada como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração...Já faz tempo eu vi você na rua cabelo ao vento Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança é o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando...
Mas é vocêQue ama o passado e que não vê
É vocêQue ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei que quem me deu a idéia
De uma nova consciência ejuventude
Tá em casa guardado por Deus contando vil metal...
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo,Tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

Por Enquanto - Composição: Renato Russo



Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente...
Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber, que o pra sempre
Sempre acaba...
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem...
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa...
Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa... ♪