quinta-feira, 27 de agosto de 2009

E tudo mudou.. - Luís Fernando Veríssimo


O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma

O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace,
megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.

A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O esparguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado

O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis

O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou electrónico
Fortificante não é mais Biotónico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV

Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou Fénix

Raul e Renato, Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças.




sexta-feira, 7 de agosto de 2009

GRAMÁTICA

O QUE É PARAGRAFO?

Um parágrafo é uma unidade de discurso constituída por uma sequência de frases organizadas em um ou mais períodos.

COMO SE UTILIZAR DE VIRGULAS?

antes ou depois de locuções adverbiais ou de advérbios (como foi o caso do "afinal") que requerem pausa, usa-se vírgula. Exemplo: O futebol é uma paixão nacional, certamente. Convém, aqui, recordar que a vírgula representa pequenas pausas, além de inversões e de intercalações.

Devemos utilizá-la, também, após os termos que intentamos destacar ao colocá-los logo no início de uma frase, como: Vírgulas, quem é que se lembra de todas as regras?

COMO SE UTILIZAR DE PONTO E VIRGULA?

Em enumerações (muito usadas em textos jurídicos - leis, artigos, decretos, etc. - e em livros didáticos), principalmente se os elementos enumerados forem relativamente extensos e numerosos.
Quando a vírgula marca a omissão de um verbo, pode haver, antes do sujeito desse verbo, uma pausa representada pelo ponto-e-vírgula ou pelo ponto simples.Quando você achar que há excesso de vírgulas, uma muito perto da outra, apele ao ponto-e-vírgula entre orações ou termos mais extensos. Há ainda o caso das conjunções intercaladas. Quando optamos por colocar esses conectivos entre vírgulas (em posição não-inicial na oração), o ponto-e-vírgula é uma ótima opção para marcar a pausa entre as orações.

O QUE É APOSTO?

"Aposto" é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração.

O termo a que o aposto se refere pode desempenhar qualquer função sintática. Sintaticamente, o aposto equivale ao termo com que se relaciona.

Ex.: Nossa terra, o Brasil, carece de políticas sociais e consequentes.

Sujeito: Nossa terra

Aposto: o Brasil

O QUE É ADJUNTO ADVERBIAL DESLOCADO?

Quando o adjunto adverbial é deslocado para o início ou para o meio da frase, devemos puni-lo com a vírgula.

O QUE É MORFOLOGIA?

Ao pé da letra seria estudo da forma. Em português por exemplo, a parte de morfologia estuda a estrutura das palavras,
Estuda as classes gramaticais sem se preocupar com o sentido das palavras quando inseridas no contexto da frase (aí é sintaxe)
Mas como é estudo da forma, pode ser realizada em tudo que se refira a esta atividade (não só em português) em todas as áreas do conhecimento, como estudo da forma de minerais, etc...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

MILHO AOS POMBOS - Zé Geraldo


Enquanto esses comandantes loucos ficam por aí queimando pestanas organizando suas batalhas
Os guerrilheiros nas alcovas preparando na surdina suas mortalhas
A cada conflito mais escombros
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos
Entra ano, sai ano, cada vez fica mais difícil o pão, o arroz, o feijão, o aluguel Uma nova corrida do ouro o homem comprando da sociedade o seu papel
Quando mais alto o cargo maior o rombo
Eu dando milho aos pombos no frio desse chão
Eu sei tanto quanto eles se bater asas mais alto voam como gavião
Tiro ao homem tiro ao pombo
Quanto mais alto voam maior o tombo
Eu já nem sei o que mata mais
Se o trânsito, a fome ou a guerra
Se chega alguém querendo consertar vem logo a ordem de cima
Pega esse idiota e enterra
Todo mundo querendo descobrir seu ovo de Colombo

ESTRANGERISMO

ENCONTROS E DESPEDIDAS



Mande notícias do mundo de lá

Diz quem ficaMe dê um abraço, venha me apertar

Tô chegando

Coisa que gosto é poder partir

Sem ter planos

Melhor ainda é poder voltar

Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem

A vida se repete na estação

Tem gente que chega pra ficar

Tem gente que vai pra nunca mais

Tem gente que vem e quer voltar

Tem gente que vai e quer ficar

Tem gente que veio só olhar

Tem gente a sorrir e a chorar

E assim, chegar e partir

São só dois lados

Da mesma viagem

O trem que chega

É o mesmo trem da partida

A hora do encontro

É também de despedida

A plataforma dessa estação

É a vida desse meu lugar

É a vida desse meu lugar

É a vida

PROMETE! *-*


CASAMENTO


Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como "este foi difícil" "prateou no ar dando rabanadas" e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva.


Adélia Prado